DEPARTAMENTO DE MULHERES INDÍGENAS DO RIO NEGRO
COORDENADORAS E LIDERANÇAS
COORDENADORAS
Sou indígena, liderança do povo Waíkhana, reconhecido como Piratapuia.
Neta de José Fonseca do povo Arapaso e Amélia Veloso do povo Tukano, Mário Castro do Povo Piratapuia e Marcília Pereira, do povo Tukano.
Atuo em defesa do Território Indígena do Alto Rio Negro (Amazonas – Brasil) por meio do desenvolvimento de atividades voluntárias e comunitárias indígenas na região, apoiando na divulgação e defesa dos direitos indígenas e na luta por políticas públicas e sua implementação.
Fui diretora executiva da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN) no período de 2002 a 2006.
Depois de inúmeras discussão, consegui junto com os outros diretores da Federação, realizar o I Encontro de Mulheres Indígenas do Rio Negro em São Gabriel da Cachoeira. Foi neste encontro, em 2002, que o Departamento de Mulheres Indígenas da FOIRN foi criado.
Me chamo Cecília Barbosa Albuquerque, etnia Piratapuia.
Em 2002 fui eleita como a primeira coordenadora do DMIRN. No primeiro semestre tive muita dificuldade: falta de apoio, falta de recursos. No segundo semestre, com apoio das assessoras do ISA, dona Marina Kahn e dona Marta Azevedo conseguimos escrever um projeto para o PDPI. Como eu era sozinha, convidamos a dona Gilda da Silva Barreto para me ajudar, pois o DMIRN abrange os municípios de Barcelos, Santa Isabel e São Gabriel da Cachoeira.
Os primeiros desafios foram conseguir ajuda de custo para as duas coordenadoras do Departamento e conseguir o apoio dos diretores da FOIRN. Com o projeto institucional aprovado conseguimos realizar vários encontros de mulheres indígenas, como o da oficina de capacitação para as coordenadoras das associações; maior participação das mulheres nos encontros da FOIRN.
Também conseguimos conscientizar as mulheres a falarem na língua materna, trabalhamos muito com a temática dos direitos da mulher indígena.
Como coordenadora viajei para Bogotá, Espanha e Áustria para falar e aprender sobre saúde, sobre mudanças climáticas e para divulgar os trabalhos do DMIRN.
Meu nome é Idaria da Silva Barreto da etnia Baré moro em São Gabriel, sou mãe solteira tenho uma filha de 23 anos que está cursando medicina.
Sou professora e atuo na rede municipal na escola Dom Miguel, fui efetivada em 2004. Continuo produzindo artesanatos que já vinha praticando antes de ser professora, é algo que eu gosto de fazer nas horas vagas e para desestressar. Só não pratico agricultura devido ao próprio tempo. Faço parte de três conselhos: conselho da universitárias no qual estão envolvidos os nossos próprios filhos indígenas daqui do município, conselho da
Associação dos Profissionais Indigenas do Alto Rio Negro (APIARN) e conselho do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (fundeb).
Eu entrei no movimento indígena em 2002, mas já participava das pastorais e articulava grupos de jovens em comunidades ribeirinhas aqui no município. Recebi o convite para assumir o Departamento das Mulheres juntamente com a Cecília, escolhida na Assembleia no ano que estava surgindo do Departamento em 2002.
Participar no movimento de mulheres indígenas realmente é um desafio. Quando trabalhei na Fazenda da Esperança acompanhei os dependentes químicos, dentre eles mulheres indígenas que estavam praticamente sendo destruídas por causa do vício do álcool, drogas ou prostituição.
A criação do DMIRN proporcionou que mulheres assumissem cargos na instituição, abrindo mais espaço às mulheres indígenas através da luta mostrando o trabalho, o encorajamento, a luta, mostrando o do que a mulher é capaz. Acredito que temos que nos valorizar cada vez mais porque na época de criação do DMIRN tínhamos muitas dificuldades e muitas vezes nossa participação era impedida. Hoje, vejo que temos que aproveitar melhor os espaços que conquistamos.
Gilda Barreto é de etnia Baré, pertence a Terra Indígena Alto Rio Negro.
Cresceu, junto com sua irmã, vendo os artesanatos produzidos por sua mãe. Desse modo, em 1994 criou e organizou uma associação na cidade de São Gabriel da Cachoeira com o objetivo de que as mulheres da cidade se organizassem na produção de artesanatos e, assim, terem uma ocupação e geração de renda.
Em rodas de conversas realizadas no ano de 2018 em São Gabriel da Cachoeira para discutirem questões relacionadas às violências contra as mulheres, Gilda trouxe a reflexão e experiência de que ocupar-se poderia contribuir para evitar o consumo excessivo de bebidas alcoólicas e terem subsídios e recursos financeiros para se distanciar dos conflitos e violências que, especialmente, as mulheres sofriam no núcleo familiar.
Gilda foi a primeira gerente da loja Wariró criada pelo Departamento de Mulheres Indígenas do Rio Negro e teve grande importância dentro do movimento indígena no que diz respeito a pauta de geração de renda.
Do povo Baniwa, natural do Distrito de Assunção do Içana, Médio Içana e falante da língua nheengatu, foi eleita coordenadora do Departamento de Mulheres Indígenas do Rio Negro duas vezes. A primeira vez foi no período de 2005 a 2007 e a segunda de 2008 a 2010.
Marilda era da etnia Tukano, foi coordenadora do Departamento de Mulheres Indígenas da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro entre o período de 2008 e 2009. Marilda vivia com câncer do colo do útero e teve que deixar os seus trabalhos no Departamento por conta do agravamento do câncer e, posteriormente, faleceu em Manaus em decorrência da doença.
Sou da etnia tukano, natural de Santa Isabel do Rio Negro, tenho 44 anos de idade, sou mãe de uma filha de 24 anos e avó de uma criança de 4 anos. Eu vivo com meu companheiro há 7 anos.
A minha trajetória no Departamento foi uma experiência boa, não sabia de nada, nada mesmo, me deu um certo medo de não dar certo e não conseguir ficar até o final do mandato. Na época que fomos eleitas, éramos novas no movimento indígena e eu não tinha nenhuma experiência. Mesmo assim, vi que as mulheres das regiões precisavam de alguém que as representasse. Nesse momento, olhei para a Rosane e vi nela que poderia dar certo.
Estava tão assustada por não entender sobre política social, de ONGs, de associações, que tinham dias que eu chorava e queria desistir. Foi muito difícil, mas, por outro lado, foi bom porque fui aprendendo e conhecendo o trabalho das associações das mulheres e todas as outras associações. Comecei a ler sobre o trabalho que as antigas coordenadoras desenvolviam e a entender qual era o objetivo do Departamento.
A nossa conquista de lá para cá foi de que esse Departamento não fechou mais suas portas. Mesmo sem experiência e com muito trabalho a ser feito, conseguimos trazer as mulheres de volta para suas atividades junto ao DMIRN e levar informações das ações que realizamos.
Me chamo Rosane Gonçalves Cruz, nome indígena Oholipahkó, do povo Piratapuia, clã Wehetada, natural do Distrito de Iauaretê – Rio Waupés, Terra Indígena Alto Rio Negro, na fronteira entre Brasil e Colômbia. Sou falante da língua indígena tukano (língua indígena da minha avó materna).
Filha do João Batista Cruz, Waikîn, do povo Piratapuia e de Maria dos Anjos Gonçalves Cruz, Anasaro, do povo Tariano.
Sou Licenciada em Educação Escolar Indígena com ênfase na área de Ciências Exatas e Biológicas pela Faculdade de Educação da Universidade Federal do Amazonas – UFAM, e atualmente sou Mestranda em Educação no Programa de Pós-graduação em Educação PPGE/UFAM.
Iniciei a minha militância no movimento de mulheres indígenas do Rio Negro no ano de 2008 quando fui indicada para participar no Curso de Formação de Gestores de Projetos Indígenas representando a AMIDI (Associação das Mulheres Indígenas do Distrito de Iauaretê), antes disso já participava do movimento de juventude através das inciativas da Pastoral da Juventude Indígena de Iauaretê.
O que marcou na história do DMIRN durante a nossa passagem, foi a articulação feita junto aos delegados da assembleia da FOIRN para eleger a primeira mulher como Presidente da FOIRN no dia 08 de novembro de 2012 – Um marco histórico para o movimento indígena do rio Negro, o dia em que foi eleita uma mulher para presidir uma das maiores organizações indígenas do país.
Eu me chamo Almerinda Ramos de Lima do povo Tariano e nasci na comunidade de Nova Esperança no médio rio Uaupés, em 1973. Sou mãe, sou avó, sou agricultora. Filha do senhor Armando Maia Lima, Tariano e da dona Inês Braga Ramos, Dessana. Sou da linhagem dos clãs de pajés e benzedores do povo Tariano. Sou filha do movimento indígena!
Cresci vendo as lutas diárias dos meus pais. Papai conseguiu pensar e orientar a criação da primeira organização que pudesse lutar em defesa dos direitos dos povos indígenas chamada União das Nações Indígenas do Distrito de Iauaretê (UNIDI), em 1977.
Esse período foi o da demarcação de terras indígenas e o da criação da FOIRN. Também foi o de implantação do projeto Calha Norte. Febre de ouro! Me lembro um pouco de tudo, como se fosse um sonho.
Nesses tempos difíceis minha irmã e eu fomos para o colégio interno, em 1986, onde fomos diretamente atingidas por sermos filhas de uma liderança indígena.
Enfim, participei da criação da Associação das Mulheres Indígenas do Distrito de Iauaretê – AMIDI em 1994. Em 2001 fui locutora da rádio comunitária e em 2003 participei da criação do Grêmio Estudantil. Em 2006 lecionei na comunidade Açaí, do alto Waupés, com os povos kubeo. Já em 2007 de volta para Iauaretê retomei minha participação na AMIDI que resultou na minha presidência no ano de 2010.
Com toda essa participação no movimento indígena fui escolhida para concorrer ao cargo de diretora da FOIRN em 2012 pela minha base. Não apenas como diretora, fui eleita a diretora presidente da Federação das Organizações Indígenas. A primeira e única mulher a ocupar esse cargo, até o momento.
Eu não tinha experiência técnica, mas tinha experiência prática por conta de observar e acompanhar de perto as lutas de meu pai.
Posteriormente, fui reeleita para fazer parte da gestão de 2017 a 2020 como diretora de referência do Departamento das Mulheres Indígenas do Rio Negro. Também fui mentora para criação da associação de mulheres yanomami, através do DMIRN, quando dona Rosilda e Francineia Fontes de etnia Baniwa eram coordenadoras.
Fico feliz porque vejo que valeu a pena a minha voz e a minha trajetória dentro da FOIRN.
Francineia Bitencourt Fontes (Francy Baniwa) é mulher indígena, antropóloga, fotógrafa, cineasta e pesquisadora do povo Baniwa, nascida na comunidade de Assunção, no baixo rio Içana, Terra Indígena Alto Rio Negro, município de São Gabriel da Cachoeira/AM. Engajada nas organizações e no movimento indígena do rio Negro há uma década, atua, trabalha e pesquisa nas áreas de etnologia indígena, gênero, organizações indígenas, memória, narrativa, fotografia e audiovisual. É graduada em Licenciatura em Sociologia (2016) pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), mestra (2019) e doutoranda em Antropologia Social pelo Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGAS-MN/UFRJ). Em 2008 fez o curso técnico em Etnodesenvolvimento pelo Instituto Federal do Amazonas (IFAM) e, em 2009, em Gestão Ambiental pelo Centro Amazônico de Formação Indígena da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (CAFI/COIAB).
Atuou como professora do Ensino Fundamental em sua comunidade, entre 2010 e 2013. Foi presidente da Associação de Mulheres do Baixo Içana (AMIBI) em 2013, e coordenadora do Departamento de Mulheres Indígenas do Rio Negro da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (DMIRN/FOIRN) entre 2014 e 2016.
No período entre 2021 e 2023, Francy coordena o projeto ecológico, sustentável e pioneiro de produção de absorventes de pano Amaronai Itá – Kunhaitá Kitiwara, financiado pelo Fundo Indígena do Rio Negro (FIRN/FOIRN), junto à Organização da Comunidade Indígena do Distrito de Assunção do Içana (OCIDAI), cujo propósito é o empoderamento e a autonomia das mulheres no território indígena alto-rio-negrino.
Em 2023 Francy também coordena o Projeto de Cooperação Técnica Internacional “Salvaguarda de Línguas Indígenas Transfronteiriças”, produzido entre uma parceria UNESCO-Museu do Índio, intitulado “Vida e Arte das Mulheres Baniwa: Um olhar de dentro para fora”.
Nasci na comunidade de Taracuá, Baixo Uaupés, em 1962, Terra Indígena alto rio Negro, no município de São Gabriel da Cachoeira, AM-Brasil. Sou filha de Pedro da Silva, povo ye´pâ masâ (tukano) e de Emília Cordeiro da Silva do povo Arapaso.
Eu vivi com meus avós maternos Francisco e Mariquinha na comunidade de Jebari no Médio Uaupés e aos 15 anos de idade perdi minha mãe, em 1975.
Em 1982, conclui o Ensino Fundamental na comunidade de Taracuá. Em 1983, fui chamada para ser professora do “Jardim de Infância” e entre 1996 e 1999, estudei o ensino Médio em Iauaretê no Médio Uaupés.
Terminei minha Licenciatura do Curso Normal Superior das séries iniciais do ensino fundamental – UEA/PROFORMAR em 2010. Também finalizei, em 2016, o Ensino Superior “Licenciatura Plena de Letras” – Língua Portuguesa e Literatura, UFAM/PARFOR. Ao
mesmo tempo, de 2004 a 2013, atuei como presidente da Associação de Mulheres Indígenas da região de Taracuá (AMIRT) durante 10 anos.
Em seguida, de 2013 a 2016, quando me aposentei na carreira de professora, assumi a coordenação do Departamento de Mulheres Indígenas do Rio Negro – DMIRN/FOIRN que abrange a região dos municípios de Barcelos, Santa Isabel do Rio Negro e São Gabriel da Cachoeira. Foi um momento de muito aprendizado.
Entre o período de 2021 a 2024 estou como Coordenadora Executiva da Região da Diâ Wi’í”, Coordenadoria Indígena do Rio Tiquié, Uaupés e seus Afluentes. Portanto, estou feliz, tendo muitos aprendizados e quero continuar representando e promovendo ações em prol do meu povo.
Sou mãe de três filhos, do povo Baré, falante da língua nheengatu natural do sítio Santa Ana, da Terra Indígena Cué-Cué Marabitanas. Sou filha de Auxiliadora da Silva Livino, do povo Baré e do senhor Laurindo Gomes da Costa, do povo Baré.
Tive oportunidade de realizar o curso de Licenciatura Plena pelo PARFOR e em Sociologia no período de 2011 a 2016 na Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Em 2017 a 2021 cursei Pós-graduação em Educação Escolar Indígena também pela Universidade Federal do Amazonas.
Acompanhei a primeira coordenadora do Departamento de Mulheres Indígenas do Rio Negro (DMIRN/FOIRN) na calha do Rio Içana, em 2003 para conscientizar as mulheres de
que teriam sua cultura fortalecida através de seus artesanatos e soberania alimentar. O resultado dessas viagens, bem como a participação em encontros de produtores do rio Negro foi a criação, através do DMIRN, da loja Wariró que tem o objetivo de geração de renda por meio da comercialização de trabalhos artesanais.
Entre os anos de 2009 e 2022 atuei como presidente da associação Mulheres Indígenas do Alto Rio Negro (AMIARN), que tem por objetivo fortalecer a vivência das mulheres indígenas através da produção e comercialização de artesanatos e discussões sobre políticas públicas.
Em 2017 fui eleita para ser uma das coordenadoras do Departamento de Mulheres Indígenas do Rio Negro (DMIRN/FOIRN), até o ano de 2020. Durante a gestão realizada por Janete e eu no Departamento de Mulheres Indígenas, estivemos à frente dos trabalhos voltados ao enfrentamento às violências contra as mulheres indígenas, mobilizando uma rede de mulheres da cidade e pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública da USP, Universidade Federal do Amazonas, o Instituto Socioambiental e instituições que foram parceiras em São Gabriel da Cachoeira como a Delegacia Interativa de Polícia e o Conselho Tutelar.
Em 2020, com esses parceiros, desenvolvemos a cartilha Violência Doméstica e Violência Sexual em tempos de pandemia. Redes de apoio e denúncias: você não está sozinha! que foi distribuída e discutida em comunidades indígenas e na sede de São Gabriel da Cachoeira. E, com a chegada da pandemia em nosso território, junto com Janete, desenvolvi a campanha “Rio Negro, nós cuidamos!” para arrecadar e distribuir cestas básicas, produtos de higiene, máscaras, álcool em gel para as famílias do rio Negro.
Elizângela da Silva Costa é uma das parceiras do Departamento e contribuiu para a produção deste site através da Pesquisa financiada com recursos da Fapeam, Projeto Amazonidados – EDITAL n. 002/2021 – PROGRAMA AMAZÔNIDAS.
Janete Alves, de etnia Desano, é filha dos agricultores e artesãos Ercolino Alves e Carmem Figueredo. Janete é casada e mãe de quatro crianças e pertencente à Região da Coordenadoria das Organizações do Distrito de Iauaretê (COIDI) e da Associação de Mulheres Indígenas do distrito de Iauaretê (AMIDI).
Foi coordenadora do Departamento de Mulheres Indígenas do Rio Negro entre os anos de 2017 e 2020, onde desenvolveu atividades de extrema importância para o rio Negro. Enfatiza seu trabalho na mobilização e enfrentamento a violências contra as mulheres indígenas em parceria com instituições locais, como a Delegacia Interativa de Polícia e o Conselho Tutelar de São Gabriel da Cachoeira, o Instituto Socioambiental (ISA), a Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo e a Universidade Federal do Amazonas.
Também foi criadora, junto com Elizângela Costa, da campanha Rio Negro, nós cuidamos! que arrecadou alimentos, produtos de higiene e financiou a produção de máscaras durante o período mais intenso da Covid-19 no rio Negro.
Atualmente, Janete Alves, é a única diretora mulher da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro representando a região da COIDI.
Larissa Ye ‘ padiho Mota Duarte, da etnia Tukano, é natural de do Baixo Uaupés, filha do senhor Sebastião Mário Lemos Duarte da Costa, povo Tukano e de dona Clara Mota Massa do povo Dessana.
Larissa é do Distrito de Taracua da Terra Indígena do Alto Rio Negro, mãe, artesã e cineasta.
Seus pais são lideranças dentro de seus territórios. Ambos foram mentores na luta pela demarcação de Terras Indígenas principalmente a Terra Indígena Alto Rio Negro, sua mãe é uma das fundadoras da Associação AMIRT (Associação das Mulheres Indígenas do Distrito de Taracua), além disso artesã ceramista.
Inspirada nos trabalhos realizados pelos pais, Larissa passou a acompanhar os trabalhos das mulheres.
Em 2020, Larissa foi indicada pela Coordenação das Organização Indígenas do Tiquié, Baixo Uaupés e Afluentes (DIAWI’I) para eleição na VIII Assembléia das Mulheres Indígenas do Rio Negro em que tornou-se coordenadora do Departamento de Mulheres Indígenas do Rio Negro (DMIRN).
Glória Rabelo nasceu no dia 12 de dezembro de 1976 é de etnia Baré, residente de Santa Isabel do Rio Negro e atuou como articuladora do Departamento de Mulheres Indígenas da FOIRN durante o ano de 2021.
A articuladora foi fundamental para a construção e realização da Oficina de Promotoras Legais Populares Indígenas e para avançar nos vínculos e trabalhos com as mulheres Kumirayoma, participando de assembleias e encorajando ativamente as mulheres a ocuparem seus espaços de direito.
Sou Dadá do povo Baniwa, natural da comunidade Assunção do Içana, tenho três filhas, uma de 11 anos, uma de 09 anos, outra de 07 anos e tenho um companheiro faz 17 anos.
Acompanho o movimento indígena desde 2002. Mas, desde a minha adolescência acompanho a luta do movimento indígena na minha região do Içana.
Fui professora por alguns anos, sou estudante de doutorado e mestre em Linguística e Línguas indígenas pelo Museu nacional do Rio de Janeiro, também sou artesã e agricultora.
No movimento indígena temos desenvolvido vários trabalhos com as mulheres na área da saúde, oficinas de artesanatos, articulação e mobilização nas bases.
Nós, mulheres indígenas, enfrentamos vários desafios porque muitos não acreditam na capacidade de gestão das mulheres em frente às instituições públicas e da sociedade civil.
Tivemos muitas conquistas dentro do movimento indígena, principalmente nos últimos anos, com os diversos espaços conquistados por mulheres indígenas.
Sou Belmira da Silva Melgueiro do povo Baré, falante da língua nheengatu.
Eu tenho o português como segunda língua e entendo um pouco de tukano, baniwa e espanhol, porque moro na tríplice fronteira. Eu nasci em Cucuí e cresci na comunidade Bom Jesus, que anteriormente era sítio e não comunidade. Portanto sou da região da CAIBARNIX.
Sou casada, tenho quatro filhos biológicos e três filhos adotivos e também sou avó.
Trabalhei por 8 anos defendendo o direito da criança e do adolescente, atuei como professora trabalhando com crianças na educação infantil.
Faz muito tempo que eu venho trabalhando em prol do movimento indígena e das mulheres indígenas. Em meados de 2022 comecei atuar como articuladora da região da CAIBARNIX dentro do Departamento de Mulheres Indígenas do Rio Negro, seguindo na luta pela defesa dos nossos povos, nosso território, nossos direitos como mulheres.
Sou do povo Piratapuia, nasci na Comunidade Cartucho e falo e entendo a língua nheengatu. Sou casada, tenho quatro filhos: o primeiro tem 15 anos, o segundo tem 12 anos, o terceiro tem 10 anos e o quarto tem 1 ano e 9 meses.
Sou agricultora e professora e gosto muito da minha profissão de docente e de estar envolvida no movimento indígena.
Conheci o movimento indígena em 2008, na comunidade Cartucho, através da Associação das Comunidades de Base Indígenas e Ribeirinhas (ACIR). Eu estava participando da Oficina de Capacitação de Conservação Ambiental que ocorreu em três etapas. A partir de então, passei a gostar e conhecer o movimento indígena e neste mesmo ano fui eleita tesoureira da associação ACIR e indicada como vice coordenadora do Departamento de Mulheres da mesma Associação.
Desde então, estou no movimento indígena. Também fui presidente da ACIR e, nessa época, participei da criação do Projeto Serras Guerreiras de Tapuruquara. Após esse período, atuei no Conselho Fiscal da ACIR.
Já em 2022 fui eleita, na comunidade de Cartucho, como articuladora do Departamento de Mulheres Indígenas do Rio Negro representando a região da CAIMBRN.
O movimento indígena para mim é um espírito de resistência em defesa da nossa terra e cultura, lutamos incansavelmente para alcançar nossos objetivos como indígenas, independente de etnias.
No dia 11 de fevereiro de 2023, na Casa do Saber, fui eleita a coordenadora geral do DMIRN na Reunião Extraordinária das Mulheres Indígenas.
Sou Madalena Fontes Olimpio do povo Baniwa da comunidade Buia Igarapé, da microrregião baixo Içana/ NADZOERI, sou casada e tenho quatro filhas lindas. Dentro do movimento indígena comecei a participar desde a adolescência acompanhando meus pais que também foram lideranças dentro das assembléias e reuniões. Na juventude fui escolhida para fazer parte da diretoria da associação mais sem saber dos compromissos que íamos ter e assim somente acompanhava sem propor muitas coisas… saímos da diretoria e assim se passou anos e anos mas sempre tive iniciativas de produção de artesanatos. Com essas iniciativas, fui envolvendo mulheres e alunos a confeccionar artesanatos para exposição durante um evento em outra comunidade e, a partir de então, o DMIRN percebeu que poderíamos levar adiante a associação AMIBI que estava adormecida. Em seguida, o DMIRN promoveu a assembléia eletiva da AMIBI e fui escolhida para ser presidente dessa associação em 2020, no pós pandemia … foi assim que comecei a participar ativamente dentro do movimento indígena de mulheres.
Além de fazer parte do movimento indígena sou professora na minha comunidade, artesã e agricultora.
Os trabalhos desenvolvidos dentro do movimento indígena de mulheres são: (1) a organização dos grupos de mulheres dentro das comunidades para geração de renda e sustentabilidade, através da confecção de artesanatos e produtos tradicionais da roça, (2) o protagonismo de mulheres pelo bem viver e (3) a valorização da mulher dentro do território. Os desafios são muitos, um deles está relacionado a dificuldade de logística e a falta de recursos para poder atingir as mulheres que estão nas regiões fronteiriças e as mulheres que residem nas bases.
As conquistas também são muitas. Entre elas estão (1) levar adiante uma associação de mulheres que por sua vez estava sendo esquecida ou adormecida, (2) organizando as mulheres para o desenvolvimento sustentável nas suas comunidades e (3) articulando as políticas do movimento indígena nas comunidades.
Sou Odimara Ferraz Matos, tenho 32 anos, do povo Tukano, nasci e cresci em Iauaretê. Tenho 2 filhos e tenho uma companheira que vive e convive comigo há 2 anos.
Quando estudante eu participava das assembleias da FOIRN, sempre representando os jovens do Distrito de Iauaretê.
Fiz parte dos encontros, das assembleias e do congresso de criação do Departamento de Adolescentes e Jovens Indígenas do Rio Negro (DAJIRN).
Também viajei para fora do município de São Gabriel da Cachoeira para representar o DAJIRN a nível estadual e nacional.
Desde final de 2022 sou articuladora de mulheres da região da COIDI, com várias propostas e sonhos a serem realizados ao decorrer do ano.
Meu maior desafio é querer levar informações de ponta a ponta, na abrangência da região da Coordenadoria.
A maior conquista, é representar e trazer demandas das mulheres da região da COIDI, assim tendo voz e vez dentro do movimento indígena.
Sou Maria das Dores Barbosa Azevedo, da etnia Tariano, moradora da comunidade Matapi baixo Rio Tiquié. Tenho duas filhas, dois casais de neto e sou casada com Celestino.
Por ser professora acompanhei a discussão sobre a demarcação das terras indígenas do alto Waupés e pude sempre apoiar essa luta. Também sou aposentada, faço trabalho de cerâmica, sou agricultora e o que consigo produzir é para a minha sustentabilidade.
Tenho incentivado a produção e participação nas palestras sobre os direitos das mulheres e a temática de auto sustentabilidade para as famílias das comunidades do rio Negro.
Sinto que temos muitas dificuldades, mas, ao mesmo tempo, sei que podemos enfrentar e superar porque estamos sempre aprendendo. Pelo que percebo, as mulheres tiveram que conquistar os espaços dentro do movimento indígena e também lutaram para serem autônomas e para conseguirem reivindicar políticas públicas. Assim, entendo que as mulheres estão sempre buscando por seus interesses e reivindicando por seus direitos.
Me chamo Cristine Vitória Dias Campos, sou do povo Tariana, natural do município de Barcelos-AM.
Iniciei no movimento indígena desde cedo, por influência dos meus pais que são antigas lideranças indígenas da região do Rio Negro.
Em 2023 comecei a atuar como articuladora do Departamento de Mulheres do Rio Negro (DMIRN) da Coordenadoria da Associações Indígenas do Médio e Baixo Rio Negro (CAIMBRN), focando no desenvolvimento e autonomia de Mulheres. E também sou estudante de Pedagogia.
Na região, entendo que podemos progredir ainda mais. Embora tenhamos alguns avanços no movimento indígena, ainda temos muitos desafios a serem superados.
MULHERES LIDERANÇAS
Sou da etnia Dâw, tenho quatro filhos e cinco netos. Nasci no rio Marié.
Minha mãe é Ana Fernandes, também de etnia Dâw, ela que me passou todo conhecimento que tenho.
Em 1984 eu vim morar no Waruá. Comecei a minha liderança, no ano de 2009, quando fui indicada pelo Márcio Meira que na época era presidente da FUNAI em Brasília, para representar os povos da família Nadehupy. Passei a participar das reuniões do Comitê Gestor regional da FUNAI e fui aprendendo sobre qual era meu papel, conhecendo um pouco da história do povo Hupdäh, aprendi a escrever projetos e passei a desejar construir uma casa de apoio para o povo Hupdäh.
Posteriormente, a dona Almerinda Ramos, presidente da FOIRN, começou a me chamar para participar das reuniões da instituição e fui observando, vendo como as pessoas falavam, atuavam dentro do movimento. Depois entrou a dona Cecília no Departamento de Mulheres Indígenas do Rio Negro (DMIRN), que também me chamava para algumas reuniões.
Faz 14 anos que estou dentro do movimento indígena. Tenho visto o avanço na minha própria comunidade porque consegui contribuir com meu povo, especialmente em relação à questão escolar. Consegui trazer a temática da educação para minha própria comunidade. Agora estamos lutando para que possamos ter licenciatura específica para povo Dâw. Então hoje temos escola e um Polo Base na nossa comunidade, mas conseguir tudo isso não foi fácil.
Também temos jovens Dâw na rede de Agente Indígena de Manejo Ambiental (AIMA) e na Rede de Comunicadores Indígenas do Rio Negro (Rede Wayuri).
Quando a dona Rosilda assumiu a gestão do DMIRN também participei de reuniões e fui aprendendo com as falas das mulheres qual é o papel de uma liderança. Na gestão da Elizângela e Janete eu pude contribuir indo para Santa Isabel com a dona Cecília, acompanhar e auxiliar uma assembléia de mulheres. Nessa atividade, dividimos as mulheres em grupos e ouvi algumas dizerem que em suas comunidades não tinham mulheres representantes do seu povo. Lembro-me que disse que elas deveriam ser representantes de suas comunidades, que elas iriam aprender a falar, a serem lideranças. Hoje eu vejo pelo menos uma dessas mulheres sendo uma grande liderança.
Na gestão atual, consegui participar de dois projetos do DMIRN. O primeiro foi o curso de autocuidado, denominado Mukaturu, realizado em outubro de 2021. Pude aprender a me alimentar melhor, a cuidar de mim. Em seguida, participei da primeira oficina de Promotoras Legais Populares Indígenas em que discutimos sobre violências, direitos das mulheres e formas de cuidado comunitário.
Não é fácil ser liderança. Eu sou liderança, sou mulher, sou mãe, sou avó, sou professora, sou coordenadora, sou conselheira, sou articuladora. São muitas funções, enfrento muitos desafios, mas não desisto.
Hoje eu represento não apenas o meu povo, mas os 23 povos indígenas do rio Negro: Piratapuia, Tuyuka, Dâw, Hupdäh, Kubeo, Baré, Bará, Baniwa, Tukano, Desano, Arapaso, Barasana, Karapaña, Koripako, Kotiria, Tariano, Werekena, Yuhupdëh, Wanano, Nadëb, Mirititapuia, Siriano e Yebamahsã.
Sou Bernadete Teixeira Alcântara, nasci em 28/08/1968, natural de Iauaretê, primogênita de oito filhos. Pertencente do grupo do clã do povo tariano. Meu nome tradicional é Nanayo, que significa avó, tia e mãe do universo. Sou filha de Leonardo Alcântara do povo tariano com nome tradicional Kuenakatepha e da Eliza Teixeira Alcântara do povo Wanano com nome tradicional Ña’oholió.
No momento faço parte tanto da APIARN quanto da COPIARN e atuo na luta dos direitos coletivos e individuais dos profissionais da Educação. Também luto pela construção de dias melhores, com o objetivo de vida de estar sempre na luta dos direitos das mulheres indígenas do Alto Rio Negro.
Sou graduada em Normal Superior pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA), e em sociologia na Universidade Federal do Amazonas (UFAM), sou pós-graduada em psicopedagogia na Faculdade da Serra – FASE. Também tenho vinte e três anos de magistério.
Em 1990 iniciei minha carreira de magistério em Iauaretê e em 2001 comecei a exercer o magistério nas escolas municipais em São Gabriel da Cachoeira e, desde então, comecei a me envolver com os movimentos sociais da educação, sempre estando na linha de frente com as lideranças da educação. No ano de 2021 fui eleita presidente da Associação dos Profissionais Indigenas do Alto Rio Negro (APIARN) e em julho de 2022 houve eleição do Conselho dos Professores Indigenas do Alto Rio Negro (COPIARN) ao qual faço parte como vice-presidente.
Mãe solteira, nascida na comunidade indígena Paraná Jucá no Distrito de Iauaretê, rio Uaupés.
No ano de 2000, seguiu a luta em prol da juventude na Pastoral da Juventude da Igreja Católica como Coordenadora Diocesana. Entre o período de 2001 a 2007 fez parte de discussões e da construção de ações concretas para a juventude como, por exemplo, a criação da Secretaria Municipal de Juventude, o Departamento de Adolescentes e Jovens Indígenas do Rio Negro (DAJIRN/FOIRN) que assumiu a coordenação no ano de 2013.
Na FOIRN, ainda atuou como secretária do setor administrativo no ano de 2017 e no período de 2019 a 2021 assumiu a função de auxiliar de comunicação da FOIRN. Durante a pandemia de Covid-19, atuou na linha de frente na comunicação da FOIRN e foi idealizadora do trabalho realizado através do “carro de som” para divulgar informações a respeito do Coronavírus. Além disso, atuou na rádio fonia – sistema de comunicação do rio Negro – com o apoio do Departamento de Mulheres Indígenas do Rio Negro.
Também é atuante no movimento Social de Mulheres Esportistas e da Associação de Bairro de São Gabriel da Cachoeira. Em 2014 fundou o Campeonato de Futebol Feminino de SGC-AM, em 2019 fundou o Movimento de Mulheres Esportistas denominado 100tenárias e por fim, no ano de 2020 também fundou o Amistoso Inter Clubes.
De 2021 a 2023, Ednéia atua como diretora do Departamento de Juventude da Prefeitura Municipal de São Gabriel da Cachoeira (SEMJEL) e como articuladora do selo Unicef no município, mobilizando o Núcleo de Adolescentes e Jovens (NUCA).
Erica vilela Figueiredo, sou filha do cacique Miguel da comunidade Ariabu, sou presidente da associação das mulheres Yanonami Kumirayoma (AMYK) e também professora.
Estou nesse movimento há pouco tempo, desde 2019.
A minha trajetória é viajar, lutar e defender o meu povo… e, também, divulgar o trabalho das mulheres Yanonami e buscar mais parcerias.
Florinda Lima Orjuela da etnia Tuyuka, tenho 37 anos, mãe de quatro filhos, falante das línguas tuyuka e tukano. Na profissão me considero uma agricultora.
Faço parte da Associação Indígena da Etnia Tuyuka moradores de São Gabriel da Cachoeira-ATUM-SGC como 2° Tesoureira. Quando criada a nossa associação começamos participar das reuniões e encontros da FOIRN, momento que eu pude conhecer o movimento indígena. Achei importante fazer parte, por isso, continuei participando de alguns encontros e rodas de conversa sobre violências e através disso fui conhecendo pessoas e fazendo amizades dentro do movimento indígena.
Foi assim que conheci as grandes mulheres guerreiras do Departamento das Mulheres do Rio Negro/ FOIRN, com as quais tenho aprendido muitas coisas. Tive a oportunidade de viajar para representar o Departamento, especialmente no que diz respeito aos trabalhos voltados a violências.
Hoje me considero uma aprendiz do movimento indígena como mulher, como mãe e como liderança. Pretendo continuar contribuindo, porque assim aprendo cada vez mais! É bom lutar junto com as lideranças e mulheres dentro do movimento indígena.
Filha de liderança indígena Yanomami, Júlio Góes, da comunidade de Ariabu do território de Maturacá, Floriza é uma liderança feminina, mãe e artesã. Foi a primeira presidente da Associação de Mulheres Indígenas Kumirayoma (AMIK), no ano de 2016, sendo muito ativa na organização, comercialização e representação do artesanato Yanomami, inclusive em Nova York. Também teve destaque nas pesquisas com o përɨsɨ e participa ativamente no projeto Yaripo — Ecoturismo Yanomami — como chefe de cozinha de trilha e das reuniões da equipe de trabalho.
Ilma Nery é piratapuia.
Ela é mãe de 3 filhos e reside em Santa Isabel do Rio Negro. Mestre pela Universidade de Brasília com a dissertação: “Valorização dos Produtos do Sistema Agrícola Tradicional do Médio Rio Negro – Amazonas: Circuitos Invisíveis a Novas Alternativas de Mercado”.
Aproximou-se do movimento indígena ao fazer parte da equipe de pesquisadoras recrutadas pelo Instituto Socioambiental para organizar o perfil populacional indígena de Santa Isabel do Rio Negro em 2007. Após essa pesquisa, Ilma também colaborou com as pesquisas e articulações políticas para o registro do Sistema Agrícola do Rio Negro como patrimônio cultural do Brasil pelo IPHAN.
Após cocnluir o mestrado, Ilma contribuiu como gerente da loja Wariró da FOIRN e da casa de frutas da Associação das Comunidades Indígenas do Médio Rio Negro (ACIMRN). Ilma também é conselheira do Conselho Deliberativo e Fiscal (Condef) da ACIMRN, mandato entre 2022 e 2025.”
Sou Lorena Marinho Araújo, tenho um casal de filhos e faz poucos meses que perdi o meu filho. Desde meus 16 anos comecei a acompanhar o movimento indígena do rio Negro. Em 2020 atuei no enfrentamento à Covid-19 junto ao Departamento de Mulheres Indígenas do Rio Negro e o Setor de Comunicação. Em 2023 trabalho como professora efetiva da rede estadual.
Dentro do movimento indígena eu luto pela valorização dos direitos das mulheres indígenas, pelo fortalecimento da identidade indígena e também luto pela valorização dos profissionais da educação e dos conhecimentos tradicionais dos povos indígenas.
É importante ampliar a participação das mulheres indígenas do centro urbano e das comunidades indígenas. Fazer
uma conexão entre as conhecedoras tradicionais, lideranças e intelectuais indígenas pode ser um grande avanço para o movimento de mulheres.
Na minha trajetória dentro do movimento indígena tive diversas conquistas como, por exemplo, a participação nas lutas durante a criação do Departamento das mulheres indígenas da Amazônia Brasileira, participação na luta
pelas cotas indígenas através do Movimento dos Estudantes Indígenas do Amazonas (MEIAM), na criação da Secretaria Municipal de Juventude (SEMJEL) — inclusive sou ex-secretária
municipal da SEMJEL.
Tivemos várias conquistas para a categoria da Educação de São Gabriel
da Cachoeira por meio do Conselho dos Professores Indígenas do Alto Rio Negro COPIARN. Um deles foi a vinda do mestrado do Programa de Pós-graduação Sociedade e Cultura na Amazônia (PGSCA) da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), juntamente com demais
organizações e instituições locais.
Me chamo Maria dos Anjos Gonçalves Cruz, do povo Tariano, nasci no dia 10 de Julho de 1958, tenho 65 anos. Comecei a participar do movimento indígena em 1987 como ouvinte, participando das reuniões quando a associação fazia a convocatória.
A minha primeira participação na FOIRN foi quando teve a formação sobre o Projeto Demonstrativo dos Povos Indígenas (PDPI), durante uma semana, em que representei a Escola Indígena São Miguel. Assim fui interagindo no movimento indígena, dando opinião, ideias e propostas para a diretoria da Associação de Mulheres Indígenas do Distrito de Iauaretê (AMIDI) e no movimento de mulheres indígenas, na época. Em 2004 fiz parte da diretoria da AMIDI, no cargo de tesoureira. Tivemos muitos desafios, o maior deles foi dar continuidade na construção da sede da AMIDI, mas com a união e a força de todas as mulheres conseguimos finalizar a construção. Depois da finalização, iniciou atividades de confecção de artesanatos das mulheres na nova sede.
Durante um ano ensinei aos estudantes da Escola Indígena São Miguel a técnica de confeccionar artesanatos, foi uma experiência incrível. Em 2006, fui participar de uma oficina de troca de experiências na Associação das Mulheres Indígenas do Alto Rio Negro (AMARN) em Manaus, e no ano seguinte representei as indígenas do rio Negro no Encontro de Mulheres sobre a temática de violência contra a mulher e Lei Maria da Penha em Manaus.
Sou Maria Suzana Menezes Miguel, nasci no dia 09 de junho de 1974, na comunidade São Tomé, baixo rio Uaupés, sou do povo Piratapuia, clã Sasiro Porã. Filha do Ernestino Miguel do povo Piratapuia e Olga Menezes do povo Tukano. Meu pai foi uma grande liderança que fez parte do movimento em prol das políticas indígenas, nas reivindicações de demarcação de terra contínua e da criação da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN). Resido na comunidade indígena Taracuá-baixo rio Uaupés. Sou casada no católico e civil, tenho 07 filhos e 01 aborto espontâneo.
Cursei o ensino médio completo e trabalhei como Agente de Saúde TACIS (Técnico Agente Comunitários Indígenas de Saúde). Estou cursando o sexto período em Licenciatura indígena Políticas Educacionais e Desenvolvimento Sustentável, na Universidade Federal do Amazonas. Acompanhei indiretamente o movimento indígena, a partir dos meus 12 anos. Em 2007 fiz parte, como conselheira fiscal, da diretoria da Associação das Mulheres Indígenas da Região de Taracuá (AMIRT) que tinha a dona Rosilda Cordeiro da Silva como presidente.
Conseguimos, através do Projeto pelo Banco do Brasil, a aquisição de um barco denominado Amireta. Em 2016, fui eleita presidente da AMIRT. Atuei por três anos conforme o estatuto da Associação, mas sempre estive disposta a realizar serviços de forma voluntária em favor dos povos indígenas.
Meu nome indígena é Pirõduhio e o nome não indígena é Regina Duarte Moura, da etnia tukano, natural da comunidade indígena Taracuá no Distrito de Taracuá, na terra indígena do Alto Rio Negro. Sou a primeira filha do Ürēmiri, ou seja João Duarte da Costa. Filho original do Clã bohsokahperi porã, originário dessa localidade. Tenho uma filha.
Minha história no movimento indígena iniciou nos anos 80, quando conhecemos um indígena do povo Krenak, com o nome Ailton krenak, onde o mesmo argumentava sobre a importância de criar representatividade jurídica no sistema de associação ou federação para reivindicar os direitos indígenas porque, naquele tempo, existia apenas o estatuto do índio. Então, com muita luta, foi fundado a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN).
É nesse ínterim que nasce a política da demarcação das terras indígenas. Sempre lutamos com os nossos guerreiros e, nessa época, eu era a única mulher que participava porque eu era mulher do líder do movimento indígena — um dos criadores da FOIRN — Manoel Fernandes Moura, hoje falecido. Quando criada, nos estruturamos politicamente dentro da FOIRN e as mulheres também começaram a lutar e a ter espaço, somando forças para conseguir o objetivo que foi a demarcação das terras indígenas do alto rio Negro
A primeira associação das mulheres foi AMITRUT, fundada na comunidade indígena Taracuá, posteriormente o nome foi mudado para AMIRT — Associação de Mulheres Indígenas da região de Taracuá.
Lutamos para trazer melhorias para as nossas comunidades, valorizar nossas tradições, cultura, e também para o nosso meio ambiente e ter uma vida digna. É o sonho de todos nós, indígenas do alto rio Negro, mostrar aos governantes que somos capazes de gerir o nosso próprio território.
Sou Rosimere Teles da etnia Arapaso.
No início dos anos 2000 assumi a Secretaria da Associação dos Agentes Indígenas de Saúde que funcionava dentro da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN). Nesse período, começamos a articular para que a Rose Fonseca, do povo Piratapuia, assumisse a diretoria FOIRN.
Esse processo deu maior oportunidade para que pudéssemos pensar algo específico para as mulheres indígenas dentro da Federação. A partir de então, conseguimos articular com outras mulheres a proposta de se ter um Departamento de Mulheres dentro da FOIRN e ainda, inserir as mulheres dentro das discussões políticas para que pudessem entender a importância do movimento de mulheres e a importância do movimento indígena.
Acho muito importante que as organizações possam entender e fazer com que as que constroem se sintam parte da instituição, do movimento. Entendo que isso pode ser garantido por meio da priorização de pautas referentes às especificidades das mulheres nas reuniões de planejamento e através da captação de recursos para o desenvolvimento de atividades que contribuam com o fortalecimento dessas mulheres.
A FOIRN é um exemplo para nós.
Hoje atuo como vice-coordenadora da Rede de Mulheres Indígenas do Estado do Amazonas.
Eu sou Sandra Gomes Castro, da etnia Baré, sou natural do município de Santa Isabel do Rio Negro da aldeia indígena Capela, localizada no Paraná do Uneuixi. Sou mãe de seis filhos, perdi dois filhos por suicídio e hoje tenho apenas quatro filhos.
Entrei no movimento indígena em 2007, e desde então sou militante e atuante até os dias de hoje. Participei de grandes projetos que ganharam visibilidade interna e externa, como por exemplo, no reconhecimento do Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro pelo IPHAN e na construção da Casa de Frutas em Santa Isabel do Rio Negro. Também estive no cargo de vice-presidente da Associação das Comunidades Indígenas do Médio Rio Negro (ACIMRN) por quatro anos e no cargo de presidente da mesma Associação no período de 2018 a 2021.
Sou professora e estou como conselheira da MAKIRA-ETA, que é uma organização das mulheres indígenas do Amazonas.
Em Santa Isabel do Rio Negro estou como Secretária Municipal de Cultura, Turismo e Eventos. Sou a primeira mulher indígena a ocupar esse espaço no município.
A confiança e o meu empoderamento frente à coordenação dos projetos de turismo de base comunitária com a pesca esportiva é uma das características mais bem vistas dentro da minha nova função.
Vanda Cardoso, como era conhecida, de etnia Piratapuia, nasceu em Iauaretê em 1982, mãe de três filhos. Vanda faleceu jovem em decorrência de um câncer no ano de 2022.
Viveu em São Gabriel por muitos anos, mas foi em Iauaretê que Vanda ingressou no movimento indígena, através de sua participação na Associação das Mulheres Indígenas do Distrito de Iauaretê (AMIDI).
Participou ativamente da construção do ato público no dia 8 de março de 2020, em que as mulheres indígenas se encontraram na orla da praia da cidade para reivindicarem seus direitos e denunciarem os diversos casos de violências que vinham vivenciando.
Além de grande parceira do DMIRN, especialmente nos trabalhos relacionados a violência de gênero, Vanda participou da implementação da campanha Rio Negro, nós cuidamos! Costurando máscaras, separando e organizando alimentos para serem distribuídos.
Também participou de entrevistas, pesquisas e diversas outras manifestações públicas como a Marcha das Mulheres Indígenas. Também fez parte do Conselho Fiscal da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro e atuava na secretaria executiva da AMIDI.
Durante seus dias de vida, dedicou-se ao movimento indígena, aos seus filhos e amigas.
Quando retornou da Marcha de mulheres Indígenas no ano de 2021, Vanda escreveu e publicou no blog Tentáculos do Coletivo de Antropologia, arte e saúde da Faculdade de Saúde Pública da USP a seguinte poesia:
Mulheres que marcham
A marcha para um mundo melhor
A marcha com os pés firmes no chão
A marcha pra amenizar a dor
A marcha com entrelaçar das mãos
Mulheres nativas de todo Brasil
Mulheres Indígenas de todo lugar
Mulheres juntas com coração a mil
Mulheres com vozes a cantar
Pés no chão lutando pelo seu lugar
Mãos entrelaçadas garantindo a segurança
Mulheres que não tem medo de lutar
Mulheres que tem uma grande esperança
Esperança na mãe natureza
Dos rios que nos cercam
Da floresta que nos embelezam
Dos animais que nos alimentam
Marchamos para proteger nossa mãe terra
Marchamos para proteger a nova geração
Marchamos para garantir nossos direitos
Marchamos para mostrar que existimos
Marcha de existência
Marcha de resistência
Somos mulheres
Somos guerreiras
Somos a mãe natureza
Seguiremos marchando por todas as mulheres, por Vanda.
Meu nome é Zilma Henrique, tenho três filhos, sou da etnia Baré e sou professora da Secretaria Estadual de Educação (SEDUC) e pedagoga da Secretaria Municipal de Educação (SEMED). Sou filha de Jaime Henrique que é de etnia Baré e de Olivia Diniz que é da etnia Piratapuia.
Eu tive oportunidade de representar as mulheres dentro do movimento indígena quando fui eleita coordenadora do Departamento de Mulheres Indígenas do Rio Negro, no entanto, eu atuava como professora e, por isso, não consegui fazer parte da coordenação.